Fundo-me feito vento que martela
reflexo
Me calo e reconheço
em cada porta por mim aberta
um sopro,
dois sopros na verdade.
Um, vindo de trás, que me impele, ou melhor, que me empurra
porta a dentro.
E o outro, vindo da frente,
propicia um encontro com o tempo
para alinhar a escolha da porta com a razão temporal.
Parado,
sigo o rastro do sopro,
é em mim seu nascedouro
sou eu
a razão, a semente e o fruto do meu querer.
Escrito por Gabriel de Magalhães
fotografia por gabriel de magalhães
katálysis
Escultura já esculpida
trazendo para si as impurezas
e entregando-as para Tempo.
Mora em cada pessoa um cordeiro e sua força.
Mora em cada um dois espelhos
E assim divide-se o mundo.
Aquele que tira do outro, purificando-o
é porque construiu em si a retirada.
Aquele que extrai, do outro, o ouro
para que estre brilhe ao Sol.
Não chega a tocar no ouro,
este não lhe pertence
se encarrega apenas de escavar os contornos sobressalentes de uma
Escrito e Fotografia por Gabriel de Magalhães
movimentos
Qual o nascedouro de águas que não saciam a sede?
De uma sombra que não refresca
e de um expressar
que diz sem dizer
o que é a beleza das pequenas coisas.
E o que é a beleza das pequenas coisas?
Há um encanto que rege o natural.
Temos fomes que o próprio existir desta fome a auto-sacia.
Não falo de fomes insaciáveis,
nem de quereres incontroláveis,
mas de um querer que quer a si próprio
e em si
se esvai
findando-se infinito.
Falo de uma inquietude que corre silenciosa,
uma correlação distante entre
homem e pedra, entre homem e bicho
e de tão distante se faz tão próxima,
pois o circulo finda-se em si mesmo.
Há uma conversa quase morta que mora nos gestos,
que habita cada linha do corpo e o constrói.
Bebo de uma água que me sacia,
mas não mata minha sede.
Deito-me em uma sombra que me refresca,
mas que não muda meu calor.
E falo de coisas que estão nas coisas para serem vistas.
A fala mora em cada um de nós,
assim como as coisas.
Escrito por Gabriel de Magalhães 26 e 27.10.2017
fotografia por gabriel de magalhães
sentinela
um sentinela do tempo
é aquele que vigia
a beleza
do detalhe
do comum
e a protege dentro de si.
aquela beleza que mora
no simples
no quotidiano
e a protege
do não olhar.
Escrito por Gabriel de Magalhães
fotografia por gabriel de magalhães
contatar
“Misto de corpo e terra, de passo e dança, Contatar é um curta-metragem que retrata um pouco da luta corporal que é encontrar-se em meio a tantos caminhos.”
Construído por Gabriel de Magalhães e Jaruam Miguez Xavier na Nossa Chácara, em SP.
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Um abraço, Gabriel de Magalhães.
“O Primeiro passo que deu foi rumo ao vazio, sendo o vazio sua primeira casa, dele se viu repleto, percebendo que não se conhecia.
Seu Segundo passo foi rumo ao desconhecido, mas não como quem ruma ao vazio, vazio. Sim como quem faz do desconhecido um amante que se abraça lentamente, tocando-lhe com as pontas dos dedos para conhecer seus contornos, para conhecer seu calor.
Fez do Não saber-se uma casa, uma assunção, um eco que lhe traria uma resposta de suas cavernas, feita vela na escuridão. Sentiu-se aquecido pelo não saber, sentiu-se.
Em seu Terceiro passo beijou o chão, nãoo esperava uma resposta tão grande como o chão e, quando o fez, ouviu do vento a resposta que trouxe do Eco, já não estava só. Ele, o Silêncio, o Chão e os Ecos. Percebeu o cheiro da terra e logo em seguida seu próprio cheiro, rolou no chão para fazer-se mais próximo a ela e ali ficou, ensinando seu quente corpo o corpo do chão e seu frescor.
Ainda não tinha um nome, mas já tinha seu cheiro, misto de chão e eco, de vazio e vontade, de corpo e terra, de homem e ar.”
Escrito por Gabriel de Magalhães.
reflexo
Me calo e reconheçoem cada porta por mim abertaum sopro,dois sopros na verdade. Um, vindo de trás, que me impele, ou melhor, que me empurraporta a dentro.E o outro, vindo da frente, propicia um encontro com o tempopara alinhar a escolha da porta com a razão temporal....
katálysis
Escultura já esculpidatrazendo para si as impurezase entregando-as para Tempo. Mora em cada pessoa um cordeiro e sua força. Mora em cada um dois espelhosE assim divide-se o mundo. Aquele que tira do outro, purificando-oé porque construiu em si a retirada.Aquele que...
movimentos
Qual o nascedouro de águas que não saciam a sede?De uma sombra que não refrescae de um expressarque diz sem dizero que é a beleza das pequenas coisas. E o que é a beleza das pequenas coisas? Há um encanto que rege o natural.Temos fomes que o próprio existir desta fome...
sentinela
um sentinela do tempo é aquele que vigia a beleza do detalhe do comum e a protege dentro de si. aquela beleza que mora no simples no quotidiano e a protege do não olhar. Escrito por Gabriel de Magalhães fotografia por gabriel de...
contatar
“Misto de corpo e terra, de passo e dança, Contatar é um curta-metragem que retrata um pouco da luta corporal que é encontrar-se em meio a tantos caminhos.” Construído por Gabriel de Magalhães e Jaruam Miguez Xavier na Nossa Chácara, em SP. Se gostou do vídeo curta,...
temporal
O tempo se renova se os pés pisam no tempo certo,mas é bruto e destróise eles param e se fincamquerendo criar raízes em uma terra que só ao tempo aceita. É ele quem enraíza nossos rastros e lhes dá tamanho,ao agora só cabe o feto, ao tempo o fato e ao futuro o feito....
ressurgir
O senso só vem quando o olho pisa no chãoe o corpo se deita a cada margem e bebe de cada rio.O olho só se deita e bebe quando a boca se abrir, mas não para falare sim para receber as águas do rio.Só quando o nariz se entregar, mas não para respirare sim para sentir o...
firmamento
Fundo-me feito vento que martelaSou a sela em que se assenta no caminho o cavaleiroEu sou o pretoEu sou o vermelhoSou aqui na tinta pretao mesmo vermelho das veias Eu vime viEu voue vejoErgui as pedras e não fui vistoQue nelas portanto me vejam. gabriel de magalhães...
teto
Novembro mexe com minha cabeça e me deixa inquieto, me lembra de tudo em mim que precisa morrer.e eu tenho pressa.e eu tenho raiva.e eu tenho Memória, a turva juíza dos homens.e eu tenho Tempo, que não é turvo e é o único juíz possível.tenho minha parte Memória e...
elo
é um impulso que dormemas que éque não grita nem dói nem fazmas que éque não se compreende e nem pretende fazer-se compreendidoque não rasga nem destrói paredesdas casas velhasmas que éque é grito que não se ouveque é dor ainda sem doerque é ação imóvelque é a...